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Pandemia e políticas públicas: o papel dos trabalhadores de linha de frente

  • Foto do escritor: publicabcp
    publicabcp
  • 12 de set. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 27 de set. de 2024



O livro A linha de frente em tempos de crise: a atuação dos burocratas de nível de rua na pandemia da Covid-19 no Brasil aborda o papel dos trabalhadores de setores como saúde, assistência social e segurança pública durante a pandemia. Esses profissionais, conhecidos como burocratas de nível de rua, atuaram diretamente na implementação de políticas públicas emergenciais. A obra é resultado de pesquisas realizadas em 2020 e 2021, que analisam as condições de trabalho desses agentes e suas experiências no atendimento às populações vulneráveis em um contexto de crise sanitária.


O livro é organizado por Gabriela Lotta, professora de Administração Pública e Governo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Michelle Fernandez, professora de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Giordano Magri, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), e Denise Nacif Pimenta, pesquisadora do Instituto de Pesquisas René Rachou (Fiocruz Minas).


O objetivo central da obra é investigar como a resposta brasileira à pandemia foi moldada pela atuação desses trabalhadores da linha de frente. Baseada na teoria da burocracia de nível de rua, a pesquisa examina como esses profissionais lidaram com a demanda por serviços essenciais, ao mesmo tempo em que enfrentavam desafios como a falta de recursos, a sobrecarga de trabalho e os riscos à saúde. O estudo busca, assim, oferecer uma visão crítica sobre a eficácia e as limitações das políticas públicas implementadas no período.


Os resultados do estudo apontam para a precariedade estrutural que caracterizou a resposta brasileira à pandemia. Um dos principais problemas identificados foi a falta de apoio institucional aos burocratas de nível de rua, que muitas vezes tiveram que trabalhar sem equipamentos de proteção adequados e sem orientações claras sobre como lidar com a situação. 


Profissionais da saúde relataram a necessidade de improvisar protocolos de atendimento, especialmente nos primeiros meses da pandemia, quando o sistema de saúde estava sobrecarregado e os hospitais, em várias regiões, enfrentavam colapsos. Na assistência social, a escassez de recursos dificultou o atendimento a populações vulneráveis, aumentando a pressão sobre os assistentes sociais que, apesar disso, continuaram a atuar presencialmente para garantir o acesso a serviços essenciais.


Os burocratas de nível de rua que atuavam em áreas mais pobres, tanto na saúde quanto na segurança pública, relataram enfrentar situações ainda mais extremas, com falta de pessoal e infraestrutura, o que aumentou o risco de contaminação e a carga emocional do trabalho. 


No sistema prisional, por exemplo, o livro destaca a situação crítica enfrentada por agentes penitenciários, que lidaram com surtos de Covid-19 entre a população carcerária em ambientes superlotados, onde o distanciamento social era impossível. Esses exemplos sublinham como a pandemia não só revelou, mas também aprofundou as desigualdades existentes, expondo os limites da capacidade do Estado de oferecer respostas efetivas em contextos de crise.


Ao analisar a experiência desses profissionais durante a pandemia de Covid-19, o livro evidencia tanto a resiliência desses trabalhadores quanto as falhas estruturais das políticas públicas brasileiras. As conclusões reforçam a necessidade de fortalecer o apoio institucional e os recursos destinados a esses agentes, para que possam atuar de maneira mais eficaz em futuras crises.


Sobre as organizadoras e o organizador


Gabriela Lotta é professora e pesquisadora de Administração Pública e Governo da Fundação Getulio Vargas (FGV) e professora visitante de Oxford (Blavatnik School of Government) em 2021. Doutora em Ciência Política pela USP, mestre e graduada em administração pública pela FGV. Coordenadora do Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB). Docente da Escola Nacional de Administração Pública, ENAP. É pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e pesquisadora afiliada no Brazil.Lab de Princeton.


Michelle Fernandez é professora adjunta do Instituto de Ciência Política da UnB e professora do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UnB. Possui graduação em Ciência Política pela Universidade de Brasília (2006), mestrado em Direito: Especialidade em Estudos da União Europeia - Universidad de A Corua (2007), Diploma de Estudos Avançados em Ciência Política (equivalente ao Mestrado em Ciência Política) - Universidade de Salamanca (2009) e Doutorado em Processos Políticos Contemporâneos - Universidad de Salamanca (2012). 


Giordano Magri é doutorando e Mestre em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) e graduado em Direito pela Universidade de São Paulo. É pesquisador associado do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC) e do Centro de Estudos da Metrópole (CEM-USP) e compõe o Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB/FGV). 


Denise Nacif Pimenta é antropóloga e pesquisadora do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), unidade da Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais. É professora do curso de Pós-Graduação em Saúde Coletiva na Fiocruz-Minas e do Mestrado Profissional Educação e Docência (Promestre) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Colabora na coordenação da Rede Zika Ciências Sociais da Fiocruz, no Centro Humanities and Social Sciences Centre on Global Health and Inequities, apoiado pela Wellcome Trust, e da Rede Covid-19 Humanidades, com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 



FICHA TÉCNICA

Título: A linha de frente em tempos de crise: a atuação dos burocratas de nível de rua na pandemia da Covid-19 no Brasil

Organizadores: Denise Nacif Pimenta, Gabriela Lotta, Giordano Magri, Michelle Fernandez

Editora: Eduerj

Ano de Lançamento: 2024

ISBN: 978-85-7511-642-5

Disponível para download em: Eduerj


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