A equipe do Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas recebeu o economista Sérgio Besserman para ministrar a palestra de abertura do III Ciclo de Webinars do OIMC, com mediação de Elza Neffa e Mariana Castro. Besserman é economista e professor do Departamento de Economia da PUC-Rio, além de presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Foi presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e diretor de planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Besserman, que atualmente pesquisa temas como a economia do meio ambiente, desenvolvimento econômico sustentável e mudanças climáticas, comentou os impactos do homem no planeta Terra. Ele critica a noção de separação entre humanos e o meio ambiente, apontando que somos parte da biosfera e da natureza, e não uma entidade isolada.
Sobre a mudança do clima, a palestra abordou o fato de que mesmo que as nações conseguissem bater todas as metas de diminuição da emissão de gases do efeito estufa, o planeta já iria sentir os efeitos do aquecimento global. Um aumento de 1,5°C a 2°C na temperatura média global já é suficiente para intensificar a crise da biodiversidade, o aumento do nível do mar e os eventos climáticos extremos.
Apesar da existência de acordos climáticos como o Acordo de Paris, o ano de 2023 foi, até o momento, o ano de maior emissão de gases do efeito estufa na história. O economista comenta que o Acordo de Paris é um tratado político sem poder real de implementação.
A influência dos fenômenos naturais El Niño e La Niña nas temperaturas também foi comentada. O El Niño, por exemplo, favorece a ocorrência de ondas de calor. O aumento das temperaturas e o calor extremo traz problemas na área de saúde, a exemplo do aumento de doenças como a dengue, zika, chikungunya e leptospirose. Casos de infarto e AVC também crescem.
Besserman chama a atenção para a necessidade da divulgação de informações, principalmente para os idosos, que são mais vulneráveis, através de campanhas de hidratação, conscientização de formas de se proteger do calor e evitar sair de casa em dias mais quentes. Também devem ser criados protocolos de saúde para as UPAs e postos de saúde, para melhor atender pacientes que chegam sofrendo de sintomas causados pelo calor extremo.
Sérgio Besserman comenta a estimativa de que as emissões de carbono devem ser reduzidas em 43% até 2030, e estar zeradas em 2050. Porém, os números indicam que a taxa de emissão não está nesse rumo. É esperado que as mudanças climáticas causem um número elevado de refugiados climáticos, com os efeitos negativos distribuídos de forma desigual, atingindo mais a população de baixa renda e outros grupos vulneráveis.
A palestra encerra com uma sessão de perguntas. Para assistir, acesse o vídeo no YouTube.
FICHA TÉCNICA
Título: III Ciclo de Webinars do OIMC: Novos cenários na ciência e geopolítica do clima
Participação: Sérgio Besserman
Realização: Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas (OIMC)
Ano de publicação: 2023
Onde acessar: YouTube
