O Pod Mundo & Política recebeu Lucas Arantes Zanetti, autor da tese de doutorado “Esfera pública midiatizada, ativismo migrante e anti-imigração: Disputas identitárias e representação social em Portugal”, orientado pela doutora em Ciências Sociais Caroline Kraus Luvizotto, para apresentar o seu estudo.
Zanetti comenta que foi necessário redesenhar a ideia original da pesquisa, que envolvia expor pessoas a conteúdos midiáticos estratégicos de apelo sensível, promovendo um diálogo e conciliação entre imigrantes e nacionais portugueses. No entanto, devido ao aumento da polarização em anos recentes em Portugal, os pesquisadores julgaram que a proposta original expunha os participantes a uma situação potencialmente violenta.
O pesquisador destaca o crescimento do partido português de extrema direita Chega. Desde sua formação em 2019, o partido obteve uma rápida ascensão política, passando de apenas um deputado para 50 nas eleições de março de 2024.
Após a alteração da metodologia da pesquisa, o objetivo do estudo foi compreender a esfera pública midiatizada de Portugal, e explorar como os ativistas de imigração e anti-imigração utilizam as plataformas digitais para a comunicação, mobilização e ampliação de sua rede de atuação. A pesquisa utilizou um método qualitativo etnográfico, com uma imersão em diferentes grupos políticos.
Os resultados indicam que, no caso dos grupos que apoiam a imigração, para conseguir o alcance e viralização no algoritmo das plataformas digitais, seria necessário a adoção de um discurso que iria contra a própria política de atuação dessas organizações. Dessa forma, o ativismo anti-imigração tem um potencial viralizador mais forte. O discurso utilizado gera alto engajamento, havendo pouca ou nenhuma preocupação ética. Não há também compromisso com a informação e a verdade factual.
Para saber mais sobre a pesquisa, acesse o episódio no site do Podcast Unesp.