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Em encontro da ABCP, pesquisadores do Brasil, Colômbia e México discutem os desafios da ciência política na América Latina



Durante o 14º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), acadêmicos de diversos países discutiram a evolução e os desafios da ciência política na América Latina. Participaram do debate representantes de associações de ciência política do Brasil, Colômbia e México. O debate girou em torno do desenvolvimento histórico da disciplina, as influências intelectuais predominantes e as barreiras enfrentadas pelos cientistas políticos na região.


Lorena Vásquez, presidente da Asociación Colombiana de Ciencia Política (ACCPOL), abriu a discussão destacando a influência das tradições europeia e anglo-saxã na formação dos programas de ciência política na América Latina. Vásquez enfatizou que, historicamente, a disciplina foi introduzida nas faculdades de direito e influenciada por juristas interessados no estudo do Estado e das instituições. 


Ao mesmo tempo, a tradição anglo-saxã trouxe um enfoque mais empírico e social, examinando os comportamentos políticos e os processos sociais. Essa dualidade moldou a estrutura e os currículos dos cursos de ciência política na região.


Outro ponto central debatido foi a relação intrínseca entre democracia e a força da ciência política. Conforme argumentado por Vásquez, parafraseando o teórico Samuel Huntington, onde a democracia é forte a ciência política tende a prosperar, e onde a democracia é frágil a disciplina também enfrenta dificuldades. Esse padrão parece evidente na América Latina, onde a democratização e os processos de transição democrática impulsionaram o surgimento e a consolidação de programas acadêmicos dedicados à ciência política.


Fernando Del Monte, da Universidade de Guanajuato, no México, ressaltou os desafios da profissionalização dos cientistas políticos na América Latina. Del Monte apontou que, embora a disciplina tenha ganhado crescente autonomia, ainda não há um reconhecimento pleno de sua importância no mercado de trabalho


Muitos programas de ciência política surgem como apêndices de faculdades de direito ou sociologia, dificultando a criação de oportunidades específicas de emprego para os graduados em ciência política. Del Monte defendeu a necessidade de redefinir o papel do cientista político  e expandir sua presença em diversos setores, incluindo consultoria, administração pública e comunicação.


Encerrando a mesa, Luciana Santana, docente no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Alagoas, destacou o cenário interno da ciência política no Brasil. Ela destacou a importância de enfrentar as desigualdades regionais, promovendo a criação de novos programas de graduação e pós-graduação em áreas menos atendidas do país, como as regiões Norte e Nordeste. Santana enfatizou a necessidade de políticas afirmativas que aumentem a representatividade de mulheres, negros e indígenas na área, de forma a refletir a diversidade da população brasileira.


O debate sublinhou a necessidade de um diálogo contínuo e de esforços conjuntos para superar os obstáculos estruturais e metodológicos que ainda limitam a plena integração da ciência política no cenário acadêmico e profissional da região. Disponível no YouTube.


FICHA TÉCNICA

Título: A Ciência Política na América Latina

Participação: Luciana Santana, Fernando Barrientos Del Monte e Yessika Lorena Vasquez Gonzalez

Mediação: Cláudio André de Souza 

Realização: ABCP

Ano de publicação: 2024

Onde acessar: YouTube


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