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Desigualdade climática e justiça social: os desafios do Sul Global no combate às mudanças climáticas



Em palestra de abertura do 14º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política, a convidada especial Kathryn Hochstetler, professora e pesquisadora da London School of Economics and Political Science (LSE - Inglaterra), trouxe uma reflexão sobre as desigualdades inerentes à crise climática e os desafios da ciência política para enfrentar esse problema no contexto do Sul Global.


A conferencista destacou a importância de entender a questão climática não apenas como um fenômeno ambiental, mas como um problema de justiça social, em que as populações mais vulneráveis são afetadas de forma desproporcional pelos impactos das mudanças climáticas, enquanto países e atores poderosos seguem beneficiando-se de políticas que perpetuam o uso de combustíveis fósseis.


Ao abordar a transição energética, Hochstetler enfatizou que uma transição justa é essencial, uma vez que medidas para mitigar os efeitos climáticos podem muitas vezes criar novas injustiças sociais. Comunidades que dependem economicamente dos combustíveis fósseis, como os trabalhadores do setor de petróleo e gás, podem sofrer com a perda de empregos e renda. Para evitar que esses grupos sejam deixados de lado, é necessário que políticas públicas garantam não apenas a redução das emissões, mas também a proteção dos direitos sociais e econômicos desses trabalhadores.


A palestrante também destacou o papel fundamental das democracias e de processos participativos para uma transição justa e eficaz. Segundo Kathryn Hochstetler, o envolvimento de todos os setores da sociedade na criação de soluções climáticas é crucial para assegurar que as vozes das populações mais vulneráveis sejam ouvidas e que suas necessidades sejam atendidas. Ela argumentou que a falta de representatividade em processos decisórios pode aumentar as desigualdades já existentes, exacerbando os impactos da crise climática em comunidades marginalizadas.


Outro ponto central foi a crítica ao modelo global de governança climática, que frequentemente não leva em conta as desigualdades históricas entre o Norte e o Sul Global. Kathryn Hochstetler ressaltou que os países desenvolvidos, que historicamente mais contribuíram para a crise climática, têm maior capacidade de adaptação e menos urgência em mudar seus hábitos. Já os países do Sul Global, embora menos responsáveis pela emissão de gases poluentes, sofrem de maneira mais intensa com os desastres ambientais, colocando em evidência a necessidade de uma nova abordagem para a cooperação internacional.


Hochstetler reafirmou o papel central da ciência política no combate às mudanças climáticas, destacando a importância de se pensar em soluções que não apenas mitiguem os impactos ambientais, mas que promovam justiça social e redistribuição equitativa de recursos. Na abertura do 14o Encontro da ABCP, ela exortou os cientistas políticos a se engajarem cada vez mais nas discussões sobre a crise climática, integrando suas análises sobre poder, desigualdade e democracia aos debates sobre políticas ambientais globais.

Disponível no YouTube.


FICHA TÉCNICA

Título: A política distributiva da mudança climática: democracia, desigualdade e justiça

Participação: Kathryn Hochstetler 

Coordenação: Vanessa Elias de Oliveira

Realização: ABCP

Ano de publicação: 2024

Onde acessar: YouTube


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