O livro "Por que a democracia brasileira não morreu?", escrito por Carlos Pereira, professor da FGV-Ebape, e Marcus André Melo, professor de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é uma obra que examina os desafios enfrentados pela democracia brasileira entre 2013 e 2023. Durante este período, o país vivenciou eventos políticos turbulentos que colocaram em questão a funcionalidade do presidencialismo multipartidário. O objetivo principal do livro é analisar como o sistema político brasileiro conseguiu superar essas crises e se manter resiliente.
O livro aborda uma década marcada por eventos significativos, incluindo o impeachment da então presidente da República Dilma Rousseff, a condenação e subsequente anulação das sentenças que levaram à prisão do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, e a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência, um político de extrema direita. Esses acontecimentos desestabilizaram o cenário político e aumentaram a desconfiança nas instituições. No entanto, sustentam os autores do livro, mesmo com tais turbulências, a democracia brasileira mostrou uma capacidade notável de resistência.
Eles argumentam que a resiliência da democracia brasileira pode ser atribuída à força das suas instituições. Ao contrário das previsões de que o governo de Bolsonaro levaria a uma ruptura democrática, as instituições de controle, como o Judiciário e o Legislativo, atuaram como contrapesos efetivos às tentativas de abuso de poder.
Bolsonaro tentou inicialmente governar sem formar uma coalizão, mas acabou tendo que ceder para conseguir governar. O sistema de presidencialismo de coalizão, apesar de suas aparentes disfunções, foi crucial para incluir diversos interesses sociais e garantir a governabilidade.
Melo e Pereira desafiam a ideia de que a crise política brasileira é resultado de um modelo institucional falho. Em vez disso, sugerem que as crises foram exacerbadas por choques econômicos e políticos, mas também por um fortalecimento das instituições de controle.
As eleições livres e justas, a exposição da corrupção e a capacidade de adaptação do sistema político demonstram uma democracia em funcionamento, embora não perfeita. O futuro da democracia brasileira, segundo os autores, depende da contínua vigilância e fortalecimento dessas instituições.
Perfil dos Autores
Carlos Pereira é professor da FGV-Ebape e colunista do Estado de São Paulo. É PhD em ciência política pela New School for Social Research. Foi professor visitante das universidades de Stanford, Sorbonne, Oxford, Hertie School, USP e Colby College, professor da Michigan State e da FGV-EESP, e pesquisador da Brookings Institution.
Marcus André Melo é professor de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e colunista da Folha de S.Paulo. É PhD pela Universidade de Sussex. Foi Fulbright Scholar no MIT, professor visitante da Universidade Yale, resident fellow da Rockefeller Foundation e recebeu o Guggenheim Award em 2011.
FICHA TÉCNICA
Título: Por que a democracia brasileira não morreu?
Autores: Carlos Pereira e Marcus André Melo
Editora: Companhia das Letras
Ano de publicação: 2024
ISBN: 8535937579
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