O artigo Pesquisas eleitorais e mudanças tardias na decisão do voto aborda as diferenças entre pesquisas eleitorais e resultados de eleições. O estudo conduzido por Frederico Batista, professor de Ciência Política da Universidade da Carolina do Norte, e Felipe Nunes, professor de Ciência Política da UFMG, investiga a hipótese de que uma parcela do eleitorado muda sua preferência entre a última semana das campanhas e o dia da votação.
Os autores conduziram um experimento online na semana anterior ao primeiro turno da eleição presidencial de 2022. No experimento, eleitores que não estavam alinhados com Lula (PT) ou Bolsonaro (PL) assistiram a vídeos curtos da campanha de Lula. Segundo os autores, caso as mudanças tardias fossem incomuns, seria esperado que os vídeos não persuadiriam os eleitores.
Adicionalmente, foram utilizados modelos de alocação de eleitores indecisos e de voto "útil" com base em teorias da ciência política. Esses modelos foram aplicados a uma pesquisa de intenção de voto realizada às vésperas do primeiro turno, com o objetivo de verificar se as teorias de mudança de voto eram aplicáveis ao contexto brasileiro.
Os resultados do experimento revelaram que parte significativa dos participantes ainda estava disposta a mudar de voto na última semana antes da eleição. Especificamente, 8% dos eleitores que assistiram aos vídeos da campanha de Lula consideraram a possibilidade de mudar seu voto para ele, e 7% mudaram imediatamente, em comparação ao grupo de controle.
Os eleitores mais propensos a alterar sua escolha foram os indecisos e aqueles que inicialmente apoiavam candidatos da terceira via, em contraste com os que declaravam intenção de votar em branco, nulo ou se abster.
O estudo indica que a exposição a mensagens de campanha nos dias finais pode ter um impacto significativo nas decisões de voto. Os autores argumentam que institutos de pesquisa e analistas devem considerar essa hipótese com atenção.
Sobre os autores
Frederico Batista Pereira é professor adjunto de Ciência Política e Administração Pública na Universidade da Carolina do Norte. Membro do Programa de Estudos Latino-americanos da mesma instituição. Doutor e mestre em Ciência Política pela Vanderbilt University, mestre em Ciência Política e bacharel em ciências sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Felipe Nunes é doutor em Ciência Política e mestre em Estatística pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). É professor de Comunicação Política, Eleições e Metodologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor do Centro de Estudos Legislativos (CEL) e do Centro Internacional de Gestão Pública e Desenvolvimento (CIGPD).
FICHA TÉCNICA
Título: Pesquisas eleitorais e mudanças tardias na decisão do voto
Autores: Frederico Batista Pereira e Felipe Nunes
Ano de publicação: 2024
Onde ler: Opinião Pública – Vol. 30, Nº 1